O objetivo deste espaço é incomodar: eu quero que você acorde. A cada dia somos vítimas do sistema, quero que você enxergue a realidade e decida o que fazer de sua própria vida. Deve estar pensando que é fácil, mas eu tenho uma má noticia para você, você nunca decidiu coisa alguma...
sábado, 11 de dezembro de 2010
Para essa gente...
“... esse tipo de gente é assim mesmo...”
“... é um desperdício fazer isso para esse tipo de gente...”
“... essa gente esta ai pra isso ...”
Essas frases têm lugar no pensamento de qualquer membro da camada dominante da sociedade em qualquer tempo na história conhecida do homem, para os que detêm o poder os outros membros da sociedade são simplesmente uma massa subumana que existe para servir.
Das mulheres de Atenas até escravos em Roma, servos da gleba em um feudo francês da idade média a operários nos subúrbios londrinos do século XIX, todos eles são “essa gente”
Mas e hoje? Quem “essa gente” é?
Vitória, capital do estado do Espírito Santo, novembro de 2010, o transporte coletivo entra em greve e o judiciário impõe que os motoristas mantenham 50% da frota rodando.
Qualquer usuário do sistema de transporte da capital pode explicar com detalhes o quanto essa idéia é estúpida, o sistema não dá vazão para o numero de usuários nem com 100% da frota, com 50% o resultado só poderia ser o caos. Mas o juiz deve ter pensado:
“para essa gente qualquer coisa serve”
Então o povo se revolta protesta violentamente queimando ônibus e parando as rodovias dai o governador pensa:
“esse tipo de gente é assim mesmo”
E manda o batalhão de missões especiais descer a madeira nos cidadãos que só tentavam chegar ao trabalho, se poderia ter buscado outra forma de resolver o conflito, mas:
“é um desperdício fazer isso para esse tipo de gente”
Agora depois da greve os patrões exigem que os funcionários paguem os dias faltados por que havia 50% da frota rodando e eles tinham “total condição” de ir trabalhar durante a greve. Então o prejuízo fica para o trabalhador, mas isso não é problema por que:
“essa gente esta ai pra isso mesmo”
Pergunto-me de onde o nosso competente membro do judiciário tirou essa brilhante idéia de deixar 50% da frota rodando, com certeza não foi um “pião” quem sugeriu, mas quem sabe um de seus amigos do Tênis ou um companheiro de Cooper na praia de camburi, com certeza os escravistas, digo, empresários tem muitas idéias pra compartilhar sobre como transferir seus prejuízos para “essa gente”.
Uma rede de influencia abrange os três poderes, todos trabalhando com o objetivo comum de manter “essa gente” no seu devido lugar e garantir os privilégios de seus colegas de tênis e parceiros de jogging. O ponto é que para o estado “essa gente” não importa (a menos que seja época de eleições), ela esta abandonada, presa pelo sistema e caso se revolte tudo o que vai conseguir são algumas balas de borracha do BME.
Não, não é mais uma louca teoria de conspiração, não digo que existe uma espécie de complô explicito para sacanear uns e privilegiar outros, mas com certeza quando os donos do poder tomam suas decisões levam em conta os interesses do lugar social de onde provem, e esse lugar não é a favela.
Alem dessa greve de ônibus poderia citar dezenas de exemplos dessa mentalidade perversa, passando pelo SUS, segurança publica educação... Acho até que seriam milhares de exemplos, esse é o tipo de verdade que daqui a cem, duzentos anos as pessoas vão ler a respeito e dizer: “por que essa gente não se revoltava?”
Como não tenho todo esse tempo pra esperar que essa gente crie consciência de classe, eu pergunto agora:
Por que não se revoltam? Por que não reagem?
Talvez você esteja pensando, ”eu não sei”, mas é exatamente por isso que te pergunto, por que você e eu, todos nós é que somos “essa gente”.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
O Carnaval

Período em que a massa se liberta de suas correntes, e seu poder desfila solto pelas ruas. O tipo de mobilização que a população produz nessa festa é uma mostra do poder que o povo possui e que sempre é mal utilizado.
Um exemplo disso é o carnaval em Viana, cidadezinha do Espírito Santo. Lá existem dois blocos carnavalescos: um com música baiana, banda contratada e um mega trio elétrico; e outro que sai do bairro mais pobre da cidade, com um trio elétrico mais modesto e uma bateria formada pelos meninos da comunidade.
O pessoal de direita já deve estar torcendo o nariz e falando: “lá vem essa porcaria de luta de classes e marxismo outra vez”, mas até vocês, se acompanharem o carnaval nessa cidade, vão concordar que o tipo de manifestação popular obtida pelo segundo bloco é fora de série e que esse simples exemplo é uma prova de que, mesmo de forma inconsciente, as classes mais desfavorecidas sabem se reconhecer e se mobilizar em um objetivo comum.
O primeiro bloco desfilou durante a tarde e levou uma esparsa multidão se sacudindo atrás do seu caminhão de cerveja (eles alugaram um para levar as dos membros) e terminou em frente à prefeitura com algumas brigas e um pequeno show.
Não há como pôr em palavras a sensação do início do desfile do segundo bloco, posso descrever o cenário: um bairro pobre em que a rua parece uma cena de guerra, por causa dos estragos das últimas chuvas (o bairro em questão foi inundado duas vezes só em 2009), as pessoas perderam tudo o que tinham, essas mesmas pessoas estão agora formando esse fenômeno que narro para vocês.
Aos poucos começam a chegar jovens, crianças, adultos, senhoras vestidas de Baiana, e os instrumentos vão sumindo da pilha e, quando menos se espera, um som se abate sobre o lugar, avassalador, dinâmico, forte. O ribombar de um trovão repetido, de instante a instante, seduzindo e extasiando as pessoas.
Esse efeito é conseguido não com dinheiro, mas com trabalho voluntário e dedicação desinteressada. Essa é a simples receita libertadora do poder desse povo, fazendo com que ele mostre sua superioridade àqueles que se consideram melhores, e humilhe a pretensa aristocracia de forma tão explícita.
Essa é a velha luta, todos estão nela, querendo ou não, conscientes ou não. Todos estão lutando e o carnaval é a única batalha em que a classe trabalhadora triunfa, mas não precisava ser assim, esse poder pode ser liberto a cada eleição, a cada aumento da passagem do ônibus, a cada inundação tratada com descaso pelo poder público. É só questão de fazer com que cada um conheça o próprio poder e não abdique dele em favor de um político de aluguel, mas que o tome em suas mãos e esmague os parasitas em seu caminho com a mesma potência dos golpes da bateria do bloco Renascer.
domingo, 31 de janeiro de 2010
Você sabe o que esta fazendo?
Oi, o objetivo deste espaço é incomodar você, isso pode te espantar, mas eu não quero que você indique esse link para amigos, que você me dê seu dinheiro em troca de alguma quinquilharia ou de uma promessa de coisa alguma, o que eu quero de você é bem mais simples: eu quero que você acorde.
A cada dia voce é uma vítima do sistema acorrentada a paredes que não vê, e servindo senhores dos quais não tem consciência, eu quero que você enxergue a realidade e decida o que fazer de sua própria vida.
Você deve estar pensando: isso é fácil, eu fiz isso à vida inteira, mas eu tenho uma má noticia para você, apenas uma das várias que trarei, você nunca decidiu coisa alguma...